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2 fevereiro 2017 | 15h00

Caminhos para ampliar o acesso ao Ensino Superior

Projeto criado em 2003, Pró Universidade se destaca como um programa de acesso ao ensino superior com impacto em todo o país

Um cursinho preparatório para vestibular, gratuito, que começou com 120 vagas e hoje beneficia toda a rede pública de ensino de Santa Catarina. Este é o resumo do Pró Universidade, projeto que nasceu quando o estudante Otavio Auler ingressou no curso de História na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e sentiu que queria ajudar a melhorar o acesso ao ensino superior para outros estudantes que, como ele, vinham de escolas públicas.

Cursar toda a formação básica em instituições de ensino público no Rio Grande do Sul permitiu que Otavio conhecesse a fundo as barreiras enfrentadas pelos alunos. Daí a ideia de criar, junto a outros colegas, um cursinho popular, à época chamado Pré-Vestibular da UFSC. 

A iniciativa frutificou, extrapolou o campus da universidade e melhora seus resultados a cada ano. Com a primeira turma, o índice de aprovações foi de 24%. Já em 2016, esse número chegou para 64%, conta Otávio. 

O cursinho nunca cobrou mensalidade, porém, graças às parcerias, sempre pagou seus professores. Segundo o historiador, era possível perceber logo no início que “com professores bons e material didático de qualidade (feito pelos próprios professores) os alunos melhoravam muito”.

Em menos de quatro anos, o setor do cursinho que trabalha com aulas presenciais passou de 120 alunos para 5 mil. Depois, além do curso tradicional, o Pró Universidade criou um sistema de cursinho a distância, que inclui videoaulas e materiais de apoio. Hoje, cerca de 25 mil estudantes são beneficiários deste sistema somente em Santa Catarina. 

“O que era presencial continua sendo presencial e o online cresceu nacionalmente”, explica. Entre os apoiadores do projeto estão a UFSC e a Secretaria de Educação do Estado de Santa Catarina. Foi a parceria com instâncias do governo que possibilitou que todos os estudantes de escolas públicas do Estado possam usufruir de um curso preparatório para o vestibular.

Mudando vidas

Em todos os anos de cursinho, uma das histórias que mais chamou a atenção do coordenador aconteceu em 2008. Um dos alunos que entrara no curso preparatório presencial havia pedido auxílio de material para seu pai, que também prestaria vestibular naquele ano, mas que não havia conseguido vaga no cursinho. Ambos vieram de Fortaleza (CE) para Florianópolis (SC), motivados pela maior oferta de oportunidades. 

Após meses conciliando trabalho e cursinho, o aluno ligou para Otávio, contando “professor, estou te ligando para contar uma novidade: passei no vestibular de letras da federal e meu pai também passou”. Otávio ainda se emociona com a história.

Formado em História, com mestrado em Sociologia e Ciência Política pela UFSC, Otavio trabalhou no Instituto Crack Nem Pensar e atuou como consultor na Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho. Além de coordenador do Pró Universidade, possui diversos projetos voltados ao fomento de iniciativas em todo país que visam à inclusão educacional no ensino superior. É CEO do Redação Online e vice-diretor do Edutech.

Nomeado Talento da Educação pela Fundação Lemann em 2017, ele espera agora estabelecer uma parceria mais forte que permita ampliar o Pró Universidade e fazê-lo chegar a outros Estados.

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