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8 fevereiro 2016 | 00h00

Segurança no trabalho e combate a superexploração

Especialista trabalha avanços na fiscalização do trabalho e projeto que visa melhoria das condições para catadores de materiais recicláveis

Na história de Diego Folly de Andrade, é nítido seu interesse em contribuir com projetos que visam a melhoria das condições de trabalhadores superexplorados ou que atuam em áreas de risco.

Foi com esse objetivo que se tornou auditor-fiscal no Ministério do Trabalho, em 2007. Trabalhou com indústria da pesca no estado do Rio e Região dos Lagos. Sua função era fiscalizar a legislação trabalhista de segurança e saúde do interior, onde esse tipo de fiscalização é muito deficitário.
A situação com que se deparou foi chocante. Havia risco grave e iminente devido à falta de inspeção nos tanques de amônia (elemento resultante da piscicultura), que frequentemente vazavam. O risco era de que uma explosão pudesse tanto pôr a vida dos trabalhadores em risco quanto contaminar o lençol freático e a vida animal.


A equipe precisava desenvolver um programa que não só auxiliasse os trabalhadores da pesca, como ajudasse a mudar a cultura do trabalho no estado. A solução foi promover um ciclo de palestras destinadas a empregadores, advogados e contadores sobre normas e cobranças legais de segurança do trabalho. “Focamos nos projetos que tinham um risco maior e com uma proporção de maior impacto nos municípios”, explica.


Catadores de recicláveis
Em 2013, Diego foi convidado a contribuir com a Secretaria-Geral da Presidência da República. Um dos seus grandes desafios foi desenvolver um projeto de melhoria das condições de trabalho de catadores de material reciclável nos lixões do país.


“Muitos não sabiam escrever nem ler, e o projeto os estimulava a formar redes e cooperativas”, conta Diego. O projeto fazia parte do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, lançado em 2010, pelo Ministério do Meio Ambiente.


As ações garantiram documentação básica para os trabalhadores e cursos de formação. Isso era de suma importância, pois a lei previa o fechamento de todos os lixões do país e um dos seus pontos principais era a possibilidade de as prefeituras contratarem os coletivos de catadores para a coleta seletiva.

“Tivemos casos de sucesso, como na Prefeitura de Belo Horizonte e em alguns municípios do Paraná, onde a coleta aumentou significativamente e o custo para as prefeituras foi bem menor”

Diego Folly

Poucos recursos
Nos últimos meses, Diego voltou para o Ministério do Trabalho, na divisão de erradicação do trabalho escravo. Seu desafio é superar as dificuldades orçamentárias resultantes dos recentes cortes de verba do Governo Federal, mantendo as ações de combate ao trabalho escravo.
“Grande parte dos atendimentos vem por meio de denúncias, tanto de ONGs, sociedade civil, quanto entidades religiosas”, conta. Embora já tenham ocorrido casos de atividade em centros urbanos, o grupo atua principalmente nas regiões interioranas ou em casos mais graves e com maiores riscos.


Especialização
Diego é recém-chegado à Fundação Lemann. Entrou para o grupo de Lemann Fellows em 2017 e está cursando um MBA na Universidade de Columbia, com duração prevista de dois anos.

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